27 de julho de 2018

Deus Nunca Volta Atrás em Suas Promessas

Deus, em sua misericórdia, sabe que somos fracos e pecadores. Muitas vezes (quase sempre) não sabemos esperar o tempo de Deus e acabamos querendo tudo da nossa maneira. Pior ainda, nos revoltamos e queremos fazer do nosso jeito quando as coisas não saem como gostaríamos ou não acontecem no momento que pretendemos. Desobedecemos porque não sabemos (ou sequer queremos) esperar. Quando a graça demora a chegar, até duvidamos de Deus! 


É típico do mundo moderno essa pressa, esse querer instantâneo. Afinal, hoje tudo é resolvido com o aperto de um botão. Não queremos nada para amanhã, mas tudo agora! E nos frustamos quando temos que esperar. A própria palavra nos ensina "sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência" (Eclo 2,3). Só que as vezes, ter paciência parece impossível.

Não é novidade, no entanto, essa falta de paciência da qual o mundo padece. E um bom exemplo vem do Antigo Testamento. Tudo começa quando Deus faz uma aliança com Abrão: "a palavra do Senhor foi dirigida a Abrão, numa visão, nestes termos: “Nada temas, Abrão! Eu sou o teu protetor; tua recompensa será muito grande.” Abrão respondeu: “Senhor Javé, que me dareis vós? Eu irei sem filhos, e o herdeiro de minha casa é Eliezer de Damasco.” E ajuntou: “Vós não me destes posteridade, e é um escravo nascido em minha casa que será o meu herdeiro.” Então a palavra do Senhor foi-lhe dirigida nestes termos: “Não é ele que será o teu herdeiro, mas aquele que vai sair de tuas entranhas.” E, conduzindo-o fora, disse-lhe: “Levanta os olhos para os céus e conta as estrelas, se és capaz... Pois bem, ajuntou ele, assim será a tua descendência.” (Gn 15,1-5).

A promessa de um filho para Abrão era clara. Mas acontece que Sarai, mulher de Abrão, acreditando ser estéril, pede a Abrão que tenha um filho com sua escrava Agar (Gn 16, 2-4). Mesmo já sabendo da promessa de Deus, Abrão acaba tendo um filho com Agar, o qual é chamado de Ismael. 

Deus poderia ter se enfurecido com Abrão e Sarai. Se não fosse amoroso e misericordioso, teria desfeito a aliança e a promessa que havia feito. Mas Deus não volta atrás e mesmo diante do que houve, reafirma sua promessa a Abrão (agora chamado de Abraão (Gn 17,5) e Sarai, agora chamada de Sara (Gn 17,15)). "Eu a abençoarei, e dela te darei um filho. Eu a abençoarei, e ela será a mãe de nações e dela sairão reis.” Abraão prostrou-se com o rosto por terra, e começou a rir, dizendo consigo mesmo: “Poderia nascer um filho a um homem de cem anos? Seria possível a Sara conceber ainda na idade de noventa anos?”  (Gn 17,16-17)

Abraão duvidou e riu da promessa de Deus. Não só ele, mas também Sara, deu risada daquela promessa (Gn 18-9,15). Quanta ofensa a Deus! Mas o Senhor não volta atrás e cumpre os planos que havia traçado para o casal, apesar da falta de fé de ambos. Eles viram acontecer tal como disse o Senhor e, assim, nasceu Isaac, o filho da promessa (Gn 21,1-7).

Deus é Fiel

Se temos uma promessa de Deus em nossa vida, se o Senhor nos diz que fará uma obra em nossa vida, por mais difícil que possa ser esperar e por mais impossível que possa parecer, devemos confiar. E, ainda que Deus nunca volte atrás e seja paciente com nossa impaciência, cabe-nos confiar em Deus sem desconfiar de sua graça. Porque saber esperar também nos ajudará a viver melhor (sem ansiedade ou temor, por exemplo) e amar a Deus sem questionamentos e nem interesse. 

Recentemente, ouvi algo fabuloso de um amigo irmão de caminhada: Deus nunca nos diz não. Mas, seu sim pode vir de três formas: Vou te dar! Vou te dar.. mas não agora! Vou te dar... algo melhor! Jesus nos ensinou: "Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á." (Mt 7,7-8). 

Quando Deus promete, Deus cumpre. É assim em toda Bíblia, é assim desde que o mundo existe e será assim em nossa vida. Não é nada fácil esperar. As vezes dói e fracos, duvidamos. Mas, tudo que é teu está no coração de Deus. E ele é Fiel! Creia, pois a tua graça vai chegar.

23 de julho de 2018

Na Hora da Prova, o Professor Está em Silêncio


Se observarmos atentamente a vida de Jesus descrita nos Evangelhos, veremos que Nosso Senhor não teve vida fácil. Cristo nasceu numa manjedoura, ja que Maria não encontrou um lugar na hospedaria (Lucas 2,7). Assim que nasceu, foi perseguido pelo rei Herodes e a Sagrada Família precisou fugir para o Egito (Mt 2,13-22). 

Depois que foi batizado, Jesus permaneceu no deserto por quarenta dias e quarenta noites até que teve fome e foi tentado pelo inimigo (Mt 4,3-11). Jesus foi criticado diversas vezes e causa de escândalo entre os fariseus por que fazia curas em dia de Sábado (Mt 12,1-14), por expulsar demônios (Mt 12,22-35) e por sua pregação honesta e verdadeira (Mt 15,12). Jesus chorou (Jo 11,35 / Lc 19,41-42) e foi posto a prova a respeito do pagamento de impostos (Lc 20,20), sendo que nesta e outras situações, tentaram a todo custo armar ciladas para Jesus, afim de coloca-lo contra o governo e a Lei. 

Em sua Paixão e Morte, vemos a chamada "Angústia Suprema" de Jesus (Mt 26,36-39) que chegou a suar sangue tamanho o medo que sentiu (Lc 22,44). Foi preso após ter sido vítima de conspiração e traído por seu apóstolo Judas. Julgado pelo sumo sacerdote, foi brutalmente açoitado, humilhado e condenado a morte na Cruz. Negado três vezes por seu apóstolo Pedro, Jesus também foi preterido por aqueles que o saudaram na entrada em Jerusalém mas acabaram pedindo a libertação de Barrabás (Lc 23,18).

Mas, diante de tudo que Jesus sofreu, temos uma certeza: Ele foi vencedor. Esteve protegido por Maria e José diante da perseguição quando ainda recém nascido, foi enfático diante do tentador no deserto, era sábio para responder aos doutores da lei e escapar de suas armações de modo desconcertante. As respostas de Jesus refletiam a sabedoria e o conhecimento de Deus em sua plenitude. E sobretudo, Jesus suportou todos os tormentos a que foi submetido, com amor e fidelidade aos planos de Pai. Passou pela Cruz e ressuscitou.

Diante de todos os problemas que passou em sua vida pública, Jesus deu exemplo. Não abandonou sua missão, não recuou diante dos hipócritas e ensinou a todos o caminho para uma vida feliz, o modo de agradar a Deus e alcançar a Salvação. Jesus foi um verdadeiro professor e nos mostrou como podemos ser pessoas melhores e fazer diferença neste mundo.

Deus veio até nós através de Jesus e nos ensinou o que devemos fazer. Como diz uma canção secular antiga, "na vida, Ele foi doutor". Temos a Palavra de Deus e temos o Espírito Santo, que viria nos ensinar todas as coisas (Jo 14,26). E de fato, ele nos dá sabedoria e conhecimento.

O que fazemos diante de nossos problemas? 

Como discípulos e Filhos de Deus, ja aprendemos com Ele como suportar as aflições do mundo e sermos vencedores como Ele. Temos o Espírito Santo para nos auxiliar e tudo que precisamos é estamos repletos Dele, para não cairmos nem sermos confundidos.

Mas quando a dificuldade surge, quando estamos diante do problema esquecemos dos exemplos de Jesus e sobretudo de confiar em Deus, de sermos fortes e obedientes na fé. Pior é saber que muitas vezes os problemas surgem porque as lições dadas por Jesus são esquecidas. Escolhemos o pecado e ignoramos o que Cristo nos disse.

Se parece-nos que no momento da dificuldade, Deus está em silêncio, é porque agora Ele quer a nossa resposta: nós aprendemos a viver o sofrimento conforme Cristo nos ensinou? Nós seguimos aquilo que nos é pregado? Nós confiamos no que Deus fala? Sabemos compreender a provação e agir conforme o Espírito Santo nos move ou preferimos resolver do "nosso jeito"?

O professor está em silêncio na hora da prova porque sabe que somos capazes e só precismos imitar aquilo que Ele ja fez e ensinou antes. E cheios do Espírito Santos conseguimos superar qualquer provação. Somos mais que vencedores em Cristo e Ele mesmo nos disse que diante das aflições - inevitáveis nesse mundo - é preciso coragem. E temos também Nossa Senhora, uma verdadeira Mestra, uma mãe que nos ensina o grande segredo: "Fazei tudo o que ele vos disser" (Jo 2,5).