25 de fevereiro de 2012

Campanha da Fraternidade 2012

Tema: Fraternidade e a Saúde Pública.
Lema: "Que a saúde se difunda sobre a terra" - Eclo 38,8


A Campanha da Fraternidade deste ano nos leva a refletir sobre uma questão vital de nossa vida e principalmente em nosso país. Cuidar da saúde é uma pratica de santidade. Afinal, somos templos do Espirito Santo e precisamos mais do que nunca zelar por uma vida saudavel, conscientes de que excessos e descuidos com a saúde nos trazem sofrimento, nos fazem por em risco nossa vida e não implicam em uma vida feliz. Afinal todos querem e precisam ter saúde. De que forma a buscamos é um tema a ser levantado nesta quaresma pela CF.

Também somos chamados a doar um pouco de nós a quem perdeu a saúde e necesssita de cuidados. Ajudar essas pessoas que são nossos irmãos, buscar junto a comunidade uma ato de solidariedade com essas pessoas. Cobrar ainda, de nossos governantes e nos mobilizar com um trabalho Pastoral. Precismos mais do que nunca fortalecer a Pastoral da Saúde em nossas comunidades, criar novos núcleos desse trabalho onde ainda não há e termos a consciencia de que quem não está a frente pode ajudar de muitas outras formas. Todos somos chamados a ser solidários com os enfermos.

Há no Brasil uma urgente necessídade de se discutir com transparencia e seriedade o sistema de saúde e todas as necessidades urgentes que estão na realidade de muitas cidades. É tempo de se levantar essas questões e buscar uma integração da socidade para uma melhor qualidade da saúde. Isso na prática seria cobrar o que é de direito: Saúde para todos, uma vez que o lema da campanha é uma passagem bíblica que clama por isso: "Que a saúde se difunda sobre a terra" - Eclo 38,8.

Ser presença

No sentido de amor ao semelhante, a Campanha da Fraternidade também nos convida a darmos atenção as pessoas. Quantos não temos bem próximos de nós pessoas enfermas que sofrem as vezes não somente pelo mal que as atinge, mas pelo abandono de familiares, maltratos e outras situações.  Muitas vezes a presença de alguem junto a essas pessoas já é um grande remédio em meio ao problema. O Papa Bento XVI falando sobre o tema da CF ressaltava exatamente este ponto:

"Com o seu exemplo diante dos olhos, segundo o verdadeiro espírito quaresmal, possa esta Campanha inspirar no coração dos fiéis e das pessoas de boa vontade uma solidariedade cada vez mais profunda para com os enfermos, tantas vezes sofrendo mais pela solidão e abandono do que pela doença".

Quaresma

Neste tempo de conversão que a Igreja vive, durante os 40 dias da quaresma, voltados para a CF 2012 vemos campos de trabalho que podemos viver uma forte conversão. Se ainda não priorizamos nossa saúde, se vivemos colocando-a em risco por maus hábitos, uma vida desrregrada somos chamados a buscar a qualidade de vida. Afinal Deus não quer nos ver doentes e que pecado quando nós mesmos provocamos doenças em nós. É precismo mudar hábitos em nós se estamos deixando de lado a vida saudável.

Também somos chamados a cobrar de nossos governantes um maior cuidado com a saúde pública, nos engajarmos em trabalhos ou pelo menos sermos solidários em nossa comunidade com as pessoas que necessitam de cuidados com a saúde.

E por fim também somos chamados como nos disse o Papa a sermos solidários com as pessoas que muitas vezes sofrem mais pelo abandono que pela doença. Quantos não estão hoje necessitando de um pouco de nosso amor e presença ao lado delas. Assim também seremos parte da cura ou instrumentos de Deus para aliviar o sofrimento das pessoas.

Que tenhamos uma santa quaresma !

Texto Base da CF 2012 para download (Site da CNBB)
http://www.cnbb.org.br/site/component/docman/doc_download/1572-texto-base-da-cf-2012

Objetivos CF 2012

Disseminar o conceito de bem viver e sensibilizar para a prática de hábitos de vida saudável. Sensibilizar as pessoas para o serviço aos enfermos, o suprimento de suas necessidades e a integração na comunidade.

Alertar para a importância da organização da pastoral da Saúde nas comunidades: criar onde não existe, fortalecer onde está incipiente e dinamizá-la onde ela já existe.

Difundir dados sobre a realidade da saúde no Brasil e seus desafios, como sua estreita relação com os aspectos socioculturais de nossa sociedade.

Despertar nas comunidades a discussão sobre a realidade da saúde pública, visando à defesa do SUS e à reivindicação do seu justo financiamento.

Qualificar a comunidade para acompanhar as ações da gestão pública e exigir a aplicação dos recursos públicos com transparência, especialmente na saúde” (cf. p. 12 do Texto-Base da CF).

Hino CF 2012

Letra: Roberto Lima de Souza
Música.: Júlio Cézar Marques Ricarte


1. Ah! Quanta espera, desde as frias madrugadas,
Pelo remédio para aliviar a dor!
Este é teu povo, em longas filas nas calçadas,
A mendigar pela saúde, meu Senhor!

Tu, que vieste pra que todos tenham vida, (Jo 10,10)
Cura teu povo dessa dor em que se encerra;
Que a fé nos salve e nos dê força nessa lida, (Mc 5, 34)
E que a saúde se difunda sobre a terra! (Cf Eclo 18,8)

2. Ah! Quanta gente que, ao chegar aos hospitais,
Fica a sofrer sem leito e sem medicamento!
Olha, Senhor, a gente não suporta mais,
Filho de Deus com esse indigno tratamento!

3. Ah! Não é justo, meu Senhor, ver o teu povo
Em sofrimento e privação quando há riqueza!
Com tua força, nós veremos mundo novo, (Cf Ap 21,1-7)
Com mais justiça, mais saúde, mais beleza!

4. Ah! Na saúde já é quase escuridão,
Fica conosco nessa noite, meu Senhor, (Cf Lc 24,29)
Tu que enxergaste, do teu povo, a aflição
E que desceste pra curar a sua dor. (Cf Ex. 3,7-8)

5. Ah! Que alegria ver quem cuida dessa gente
Com a compaixão daquele bom samaritano. ( Lc. 10,25-37)
Que se converta esse trabalho na semente
De um tratamento para todos mais humano!

6. Ah! Meu Senhor, a dor do irmão é a tua cruz!
Sê nossa força, nossa luz e salvação! (Cf. Sl. 27,1)
Queremos ser aquele toque, meu Jesus, (Cf. Mc. 5,20-34)
Que traz saúde pro doente, nosso irmão!

Oração da CF 2012

Senhor Deus de amor,
Pai de bondade,
nós vos louvamos e agradecemos
pelo dom da vida,
pelo amor com que cuidais de toda a criação.

Vosso Filho Jesus Cristo,
em sua misericórdia, assumiu a cruz dos enfermos
e de todos os sofredores,
sobre eles derramou a esperança de vida em plenitude.

Enviai-nos, Senhor, o Vosso Espírito.
Guiai a vossa Igreja, para que ela, pela conversão
se faça sempre mais, solidária às dores e enfermidades do povo,
e que a saúde se difunda sobre a terra.

Amém
.

22 de fevereiro de 2012

Mensagem de Bento XVI para a Quaresma 2012



MENSAGEM DE SUA SANTIDADE
PAPA BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2012

"Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos

ao amor e às boas obras"  (Heb 10, 24)

Irmãos e irmãs!

A Quaresma oferece-nos a oportunidade de refletir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Com efeito este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal.

Desejo, este ano, propor alguns pensamentos inspirados num breve texto bíblico tirado da Carta aos Hebreus:  Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras  (10, 24). Esta frase aparece inserida numa passagem onde o escritor sagrado exorta a ter confiança em Jesus Cristo como Sumo Sacerdote, que nos obteve o perdão e o acesso a Deus. O fruto do acolhimento de Cristo é uma vida edificada segundo as três virtudes teologais: trata-se de nos aproximarmos do Senhor  com um coração sincero, com a plena segurança da fé  (v. 22), de conservarmos firmemente  a profissão da nossa esperança  (v. 23), numa solicitude constante por praticar, juntamente com os irmãos,  o amor e as boas obras  (v. 24). Na passagem em questão afirma-se também que é importante, para apoiar esta conduta evangélica, participar nos encontros litúrgicos e na oração da comunidade, com os olhos fixos na meta escatológica: a plena comunhão em Deus (v. 25). Detenho-me no versículo 24, que, em poucas palavras, oferece um ensinamento precioso e sempre actual sobre três aspectos da vida cristã: prestar atenção ao outro, a reciprocidade e a santidade pessoal.

1.  Prestemos atenção : a responsabilidade pelo irmão.

O primeiro elemento é o convite a  prestar atenção : o verbo grego usado é katanoein, que significa observar bem, estar atento, olhar conscienciosamente, dar-se conta de uma realidade. Encontramo-lo no Evangelho, quando Jesus convida os discípulos a  observar  as aves do céu, que não se preocupam com o alimento e todavia são objecto de solícita e cuidadosa Providência divina (cf. Lc 12, 24), e a  dar-se conta  da trave que têm na própria vista antes de reparar no argueiro que está na vista do irmão (cf. Lc 6, 41). Encontramos o referido verbo também noutro trecho da mesma Carta aos Hebreus, quando convida a  considerar Jesus  (3, 1) como o Apóstolo e o Sumo Sacerdote da nossa fé. Por conseguinte o verbo, que aparece na abertura da nossa exortação, convida a fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos. Mas, com frequência, prevalece a atitude contrária: a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo, mascarado por uma aparência de respeito pela  esfera privada . Também hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o  guarda  dos nossos irmãos (cf. Gn 4, 9), para estabelecermos relações caracterizadas por recíproca solicitude, pela atenção ao bem do outro e a todo o seu bem. O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o facto de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor. Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a misericórdia e a compaixão. O Servo de Deus Paulo VI afirmava que o mundo actual sofre sobretudo de falta de fraternidade:  O mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou no monopólio, que alguns fazem, dos recursos do universo  (Carta enc. Populorum progressio, 66).

A atenção ao outro inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem sob todos os seus aspectos: físico, moral e espiritual. Parece que a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é  bom e faz o bem  (Sal 119/118, 68). O bem é aquilo que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Assim a responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos às suas necessidades. A Sagrada Escritura adverte contra o perigo de ter o coração endurecido por uma espécie de  anestesia espiritual , que nos torna cegos aos sofrimentos alheios. O evangelista Lucas narra duas parábolas de Jesus, nas quais são indicados dois exemplos desta situação que se pode criar no coração do homem. Na parábola do bom Samaritano, o sacerdote e o levita, com indiferença,  passam ao largo  do homem assaltado e espancado pelos salteadores (cf. Lc 10, 30-32), e, na do rico avarento, um homem saciado de bens não se dá conta da condição do pobre Lázaro que morre de fome à sua porta (cf. Lc 16, 19). Em ambos os casos, deparamo-nos com o contrário de  prestar atenção , de olhar com amor e compaixão. O que é que impede este olhar feito de humanidade e de carinho pelo irmão? Com frequência, é a riqueza material e a saciedade, mas pode ser também o antepor a tudo os nossos interesses e preocupações próprias. Sempre devemos ser capazes de  ter misericórdia  por quem sofre; o nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do pobre. Diversamente, a humildade de coração e a experiência pessoal do sofrimento podem, precisamente, revelar-se fonte de um despertar interior para a compaixão e a empatia:  O justo conhece a causa dos pobres, porém o ímpio não o compreende  (Prov 29, 7). Deste modo entende-se a bem-aventurança  dos que choram  (Mt 5, 4), isto é, de quantos são capazes de sair de si mesmos porque se comoveram com o sofrimento alheio. O encontro com o outro e a abertura do coração às suas necessidades são ocasião de salvação e de bem-aventurança.

O facto de  prestar atenção  ao irmão inclui, igualmente, a solicitude pelo seu bem espiritual. E aqui desejo recordar um aspecto da vida cristã que me parece esquecido: a correcção fraterna, tendo em vista a salvação eterna. De forma geral, hoje é-se muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos. Na Igreja dos primeiros tempos não era assim, como não o é nas comunidades verdadeiramente maduras na fé, nas quais se tem a peito não só a saúde corporal do irmão, mas também a da sua alma tendo em vista o seu destino derradeiro. Lemos na Sagrada Escritura:  Repreende o sábio e ele te amará. Dá conselhos ao sábio e ele tornar-se-á ainda mais sábio, ensina o justo e ele aumentará o seu saber  (Prov 9, 8-9). O próprio Cristo manda repreender o irmão que cometeu um pecado (cf. Mt 18, 15). O verbo usado para exprimir a correcção fraterna – elenchein – é o mesmo que indica a missão profética, própria dos cristãos, de denunciar uma geração que se faz condescendente com o mal (cf. Ef 5, 11). A tradição da Igreja enumera entre as obras espirituais de misericórdia a de  corrigir os que erram . É importante recuperar esta dimensão do amor cristão. Não devemos ficar calados diante do mal. Penso aqui na atitude daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou mera comodidade, adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios irmãos contra modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem. Entretanto a advertência cristã nunca há-de ser animada por espírito de condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e a misericórdia e brota duma verdadeira solicitude pelo bem do irmão. Diz o apóstolo Paulo:  Se porventura um homem for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi essa pessoa com espírito de mansidão, e tu olha para ti próprio, não estejas também tu a ser tentado  (Gl 6, 1). Neste nosso mundo impregnado de individualismo, é necessário redescobrir a importância da correcção fraterna, para caminharmos juntos para a santidade. É que  sete vezes cai o justo  (Prov 24, 16) – diz a Escritura –, e todos nós somos frágeis e imperfeitos (cf. 1 Jo 1, 8). Por isso, é um grande serviço ajudar, e deixar-se ajudar, a ler com verdade dentro de si mesmo, para melhorar a própria vida e seguir mais rectamente o caminho do Senhor. Há sempre necessidade de um olhar que ama e corrige, que conhece e reconhece, que discerne e perdoa (cf. Lc 22, 61), como fez, e faz, Deus com cada um de nós.

2.  Uns aos outros : o dom da reciprocidade.

O facto de sermos o  guarda  dos outros contrasta com uma mentalidade que, reduzindo a vida unicamente à dimensão terrena, deixa de a considerar na sua perspectiva escatológica e aceita qualquer opção moral em nome da liberdade individual. Uma sociedade como a actual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser assim na comunidade cristã! O apóstolo Paulo convida a procurar o que  leva à paz e à edificação mútua  (Rm 14, 19), favorecendo o  próximo no bem, em ordem à construção da comunidade  (Rm 15, 2), sem buscar  o próprio interesse, mas o do maior número, a fim de que eles sejam salvos  (1 Cor 10, 33). Esta recíproca correcção e exortação, em espírito de humildade e de amor, deve fazer parte da vida da comunidade cristã.

Os discípulos do Senhor, unidos a Cristo através da Eucaristia, vivem numa comunhão que os liga uns aos outros como membros de um só corpo. Isto significa que o outro me pertence: a sua vida, a sua salvação têm a ver com a minha vida e a minha salvação. Tocamos aqui um elemento muito profundo da comunhão: a nossa existência está ligada com a dos outros, quer no bem quer no mal; tanto o pecado como as obras de amor possuem também uma dimensão social. Na Igreja, corpo místico de Cristo, verifica-se esta reciprocidade: a comunidade não cessa de fazer penitência e implorar perdão para os pecados dos seus filhos, mas alegra-se contínua e jubilosamente também com os testemunhos de virtude e de amor que nela se manifestam. Que  os membros tenham a mesma solicitude uns para com os outros  (1 Cor 12, 25) – afirma São Paulo –, porque somos um e o mesmo corpo. O amor pelos irmãos, do qual é expressão a esmola – típica prática quaresmal, juntamente com a oração e o jejum – radica-se nesta pertença comum. Também com a preocupação concreta pelos mais pobres, pode cada cristão expressar a sua participação no único corpo que é a Igreja. E é também atenção aos outros na reciprocidade saber reconhecer o bem que o Senhor faz neles e agradecer com eles pelos prodígios da graça que Deus, bom e omnipotente, continua a realizar nos seus filhos. Quando um cristão vislumbra no outro a acção do Espírito Santo, não pode deixar de se alegrar e dar glória ao Pai celeste (cf. Mt 5, 16).

3.  Para nos estimularmos ao amor e às boas obras : caminhar juntos na santidade.

Esta afirmação da Carta aos Hebreus (10, 24) impele-nos a considerar a vocação universal à santidade como o caminho constante na vida espiritual, a aspirar aos carismas mais elevados e a um amor cada vez mais alto e fecundo (cf. 1 Cor 12, 31 – 13, 13). A atenção recíproca tem como finalidade estimular-se, mutuamente, a um amor efectivo sempre maior,  como a luz da aurora, que cresce até ao romper do dia  (Prov 4, 18), à espera de viver o dia sem ocaso em Deus. O tempo, que nos é concedido na nossa vida, é precioso para descobrir e realizar as boas obras, no amor de Deus. Assim a própria Igreja cresce e se desenvolve para chegar à plena maturidade de Cristo (cf. Ef 4, 13). É nesta perspectiva dinâmica de crescimento que se situa a nossa exortação a estimular-nos reciprocamente para chegar à plenitude do amor e das boas obras.

Infelizmente, está sempre presente a tentação da tibieza, de sufocar o Espírito, da recusa de  pôr a render os talentos  que nos foram dados para bem nosso e dos outros (cf. Mt 25, 24-28). Todos recebemos riquezas espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da Igreja e para a nossa salvação pessoal (cf. Lc 12, 21; 1 Tm 6, 18). Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua. Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o convite, sempre actual, para tendermos à  medida alta da vida cristã  (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31). A Igreja, na sua sabedoria, ao reconhecer e proclamar a bem-aventurança e a santidade de alguns cristãos exemplares, tem como finalidade também suscitar o desejo de imitar as suas virtudes. São Paulo exorta:  Adiantai-vos uns aos outros na mútua estima  (Rm 12, 10).

Que todos, à vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas (cf. Heb 6, 10). Este apelo ressoa particularmente forte neste tempo santo de preparação para a Páscoa. Com votos de uma Quaresma santa e fecunda, confio-vos à intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e, de coração, concedo a todos a Bênção Apostólica.

Vaticano, 3 de Novembro de 2011
BENEDICTUS PP. XVI


Fonte: http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/messages/lent/documents/hf_ben-xvi_mes_20111103_lent-2012_po.html
 

10 de fevereiro de 2012

São Tomás de Aquino

O curso superior (também chamado de faculdade ou universidade) é uma vitória para aqueles que aminharam e se prepararam para  bcuscar uma formação. E é também um momento de muitas lutas e aprendizado em todos os sentidos.

João Paulo II, falando ao jovens, incentivava-os a estudar, usando até um termo curioso: "precisamos de santos que se lasquem na faculdade". O Papa pedia a juventude que buscassem estudar, ter uma profissão para contribuir com a comunidade. Poucos sabem, mas foi a Igreja Católica que criou as faculdades.

E os universitários tem um padroeiro. São Tomás de Aquino.

Ele intercede pelos estudantes que cursam o ensino superior (e pelos estudantes em geral também). Quem cursa faculdade sabe que as lutam são grandes. Nas matérias dos cursos escolhidos e para aqueles que querem a vivência da santidade nos ambientes de estudo, os universitários encaram um enorme desafio em suas vidas.

É preciso força, perseverança. São Tomás de Aquino vem nos exemplificar o quanto é importante o estudo e junto a Deus roga por todos que buscam uma formação profissional nas universidades. Tenho muitos amigos estudantes universitários e sei o quanto é grande o numero de pessoas que cursam faculdades. Este ano com a graça de Deus, passo a ser também um universitário. Estou em oração nestes dias que antecedem o incio da aulas e clamando a intercessão São Tomás de Aquino por todos os univeristários.

A história do santo e sua magnifica oração mostram o quanto ele buscou estudar, aprender e desejou a santidade, tendo sido declarado doutor da Igreja e canonizado.

"O primeiro degrau para a sabedoria é a humildade."
"Tenho medo do homem de um só livro."
"Para aqueles que tem fé, nenhuma explicação é necessária. Para aqueles sem fé, nenhuma explicação é possível."
SÃO TOMÁS DE AQUINO

Dominicano, Doutor da Igreja e um dos grandes teólogos e filósofos da historia da igreja. Ele nasceu em Roccasecca em 1225, Itália.


Na idade de 5 anos foi enviado para estudar na Ordem Beneditina de Monte Cassino. Ele era muito inteligente e os beneditinos ficaram admirados pelo seu raciocínio brilhante. Em 1239 começou a estudar na Universidade de Nápoles, concentrando seus estudos em filosofia, gramática, retórica e lógica.

Ele já estava atraído pela Ordem Dominicana e expressou o desejo de se tornar um frade, o que era totalmente inaceitável pela sua família. Alguns membros de sua família até contrataram uma linda mulher para tenta-lo, mas seus esforços foram em vão e Tomas perseverou na sua vocação e como recompensa por isto, foi conferido a ele anos mais tarde o titulo de "Doutor Angélico". Em seguida ele foi raptado pelos seus irmãos e aprisionado no Monte São Giovanni de 1244 até 1245.

Seus pais finalmente aceitaram a derrota e Tomas foi solto e voltou para Roma e depois para Paris onde entrou na Universidade. Tomas estudou em Paris de 1245 a 1248 sob a direção de São Alberto Magnus que o acompanhou em 1248 ao Novo Colégio Dominicano de Colonha (Alemanha), onde ele foi ordenado.

Voltando, dois anos mais tarde para Paris, ele ensinou teologia, e continuou seus estudos. Em 23 de outubro de 1257 ele e seu amigo São Boaventura receberam seus doutorados em teologia e Tomas fez o seu sermão inaugural " A Majestade de Cristo" baseada nos Salmos 104:13 .

Dois anos mais tarde ele foi indicado como assistente teológico da corte papal, ficando muito tempo como residente papal em Anagni e Orveto.

A pedido do papa Urbano IV ele escreveu um grande número de teses inclusive o "O Oficio para a Festa de Corpus Christie "; a "Catena Áurea"(A Corrente de Ouro) e os "Contra Errores Graecorum " (Contra os Erros dos Gregos).

De 1265 a 1267 Tomas ensinou em Roma no Colégio Dominicano de Santa Sabina. Foi durante este tempo que ele começou o seu trabalho mais famoso o "Magnus Opus" chamado "Summa Thelogiae".

Em 1267 foi para Viterbo e trabalhou com o Papa Clemente IV, recusando o posto de arcebispo de Nápoles. Renomado em toda a cristandade, o Papa ordenou a ele que organizasse uma escola em Nápoles. Ali ele deu sermões, pregou perante grandes multidões e continuou o seu trabalho de pesquisa para terminar a sua "Summa Theologiae".

Muito doente e exausto do seus incessantes trabalhos Tomas, não obstante, obedeceu ao pedido do Papa Gregório X de participar no Concílio de Lyon. Na França ele teve um colapso em janeiro de 1274 e morreu no Monastério Cisterciense de Fossanova em 7 de março de 1274.


Ele é comparado a São Paulo e a Santo Agostinho, como um dos maiores teólogos da Cristandade. Ele conseguiu sintetizar o pensamento Aristoteliano com os Dogmas Cristãos e fazer da teologia uma ciência.

Ele é conhecido especialmente por harmonizar a razão e a fé ,enquanto mantém a precisa distinção entre os dois: a razão ajuda a descobrir a existência de Deus, mas é insuficiente como guia para as ações humanas, alcançada pela fé, que é necessária para a descoberta de verdades mais elevadas reveladas pelo consentimento Divino.

O corpo teológico que Tomas formulou em seus escritos, veio a ser chamado Tomismo e é considerado a coroação da Escolástica. Inicialmente com muita objeção na igreja, (alguns até o condenaram em Paris em 1277) o Tomismo foi abraçado como um todo e em 1567 o Papa Pio V o declarou Doutor da Igreja e os Dominicanos impuseram seus ensinamentos.

Em 1879, o Papa Leão XIII promulgou a Encíclica Aeterni Patris, ordenando que os escritos de São Tomas fossem estudo obrigatório a todos os padres e estudantes de teologia.


Seus escritos incluem toda a doutrina cristã, cobrindo teologia, filosofia e as escrituras. O seu mais famoso trabalho a "Summa Teologiae" , é o uma exposição extremamente coerente da fé cristã. Feita por ele para ser um manual para os estudantes, provou ser a mais complexa e a o mais esclarecedor tratado em teologia cristã já escrito. Apesar de não o ter terminado, Tomas o organizou em três partes e tem um total de 38 tratados separados, 612 questões, 3.120 artigos e aproximadamente 10.000 objeções individuais.

São Tomas foi canonizado pelo Papa João XXII em 1323 e conhecido como Doutor Angelicus e Doutor Communis em honra da sua enorme contribuição aos ensinamentos católicos. Em 1880 o Papa Leão XIII honrou São Tomas como o patrono das escolas, colégios e universidades.

É ainda o padroeiro da castidade entre os jovens. Entre as jovens é Santa Maria Goretti. Sua festa é celebrada no dia 28 de janeiro.

ORAÇÃO DE SÃO TOMÁS DE AQUINO.

Que eu chegue a ti, Senhor, por um caminho seguro e reto;
caminho que não se desvie nem na prosperidade nem na adversidade,
de tal forma que eu te dê graças nas horas prósperas e nas adversas conserve a paciência,  não me deixando exaltar pelas primeiras nem abater pelas outras.

Que nada me alegre ou entristeça, exceto o que me conduza a ti ou que de ti me separe. Que eu não deseje agradar nem receie desagradar senão a ti.
Tudo o que passa torne-se desprezível a meus olhos por tua causa, Senhor, e tudo o que te diz respeito me seja caro, mas tu, meu Deus, mais do que o resto.
Qualquer alegria sem ti me seja fastidiosa, e nada eu deseje fora de ti.
Qualquer trabalho, Senhor, feito por ti me seja agradável e insuportável aquele de que estiveres ausente. Concede-me a graça de erguer continuamente o coração a ti e que, quando eu caia, me arrependa.

Torna-me, Senhor meu Deus, obediente,
pobre e casto; paciente, sem reclamação;
humilde, sem fingimento;
alegre, sem dissipação;
triste, sem abatimento;
reservado, sem rigidez;
ativo, sem leviandade;
animado pelo temor, sem desânimo;
sincero, sem duplicidade;
fazendo o bem sem presunção;
corrigindo o próximo sem altivez;
edificando-o com palavras e exemplos, sem falsidade.


Dá-me, Senhor Deus, um coração vigilante, que nenhum pensamento curioso arraste para longe de ti; um coração nobre que nenhuma afeição indigna debilite; um coração reto que nenhuma intenção equívoca desvie; um coração firme, que nenhuma adversidade abale; um coração livre, que nenhuma paixão subjugue.

Concede-me, Senhor meu Deus, uma inteligência que te conheça, uma vontade que te busque, uma sabedoria que te encontre, uma vida que te agrade, uma perseverança que te espere com confiança e uma confiança que te possua, enfim.

Amém.

São Tomás de Aquino, Rogai por Nós !

5 de fevereiro de 2012

É Preciso Estar Aquecido na Fé

Nosso coração sempre deseja que nossa vida seja repleta de felicidade. Na caminhada temos o desejo da Santidade em nossa vida. Feliz daquele que tem no coração a meta de chegar ao céu, buscar as coisas do alto.

Mas o mundo tenta nos desviar dessa meta. O Senhor nos ensina a “orar e vigiar” sempre pois “o espírito está pronto, mas a carne é fraca”. Quem ora e vigia assim como Jesus pede, faz um exercício importantíssimo para viver a Santidade. A oração nos mantém aquecidos na fé.

Estar aquecido na fé é manter o espírito pronto, como Jesus fala. Também precisamos lutar para não deixar levar pelas fraquezas carnais. Diante das tentações, não podemos “esfriar” na nossa fé. Geralmente isso acontece quando diante de um pecado que nos parece inevitável pensamos: “vou pecar só desta vez”. Mas quando nos damos conta, foram várias quedas, as vezes o incio ou retorno de um vício. Isso porque esfriamos na nossa fé. Deixamos de vigiar, de meditar a palavra e fomos vencidos.

Não podemos nos esquecer nunca daquilo que a Palavra de Deus nos ensina. Jesus é a nossa força contra o pecado. Uma fé aquecida nos prepara para quando o pecado nos tentar, estejamos espiritualmente fortes para dizer não. Se nos esquecemos do que a Bíblia nos diz, se nos permitimos levar pelas coisas do mundo, deixamos de rezar, nossa fé vai perdendo a força. Deixamos até de rejeitar o pecado e consequentemente caimos nele.

Se tocarmos em algo quente, muito quente, rapidamente tiramos a mão pois aquilo nos repele. O pecado, a tentação vem tentar se aproximar de nós. Nessa hora precisamos estar “fervendo”, alimentados pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, alem de ter o propósito de dizer NÃO com força ao pecado.

Assim, estaremos fortes contra o pecado, próximos de Deus e não havera tentação que se aproxime de nós e se tentar, não vai nos vencer.
Quando nossa fé esfria e caimos no pecado, não podemos assim ficar. Se voce quer permancer quente, peça fogo do céu, o fogo do Espírito Santo precisa nos incediar para que estamos fortes na luta.


Também pela graça do Espírito de Deus nosso coração se torna humilde e contrito.
O arrependimento é o caminho para retornar ao estado de graça em que ficamos aquecidos pela nossa fé e seguros na mãos de Deus.

Não podemos nos afastar de Deus nenhum segundo. Devemos estar sempre em oração, buscar a sabedoria da Palavra de Deus e clamar um pentecostes em nossa vida. Assim, com a glória de Deus nos fazendo irradiar a força contra o pecado, estaremos aquecidos na nossa fé e fortes diante das tentações.

Se cair, levante. Precisamos da chama do Amor e alimenta-la na oração e na perseverança na fé. Que o Espírito Santo possa derramar sobre nós os dons e a misericóridia infinita e nos aqueça pelo poder e força do Altíssimo.