6 de novembro de 2018

Dez Frases para Ajudar a Viver a Santidade

Diversos santos e padres da Igreja deixaram frases que nos ajudam a viver a santidade, ensinando a compreender pequenas coisas que podem fazer grandes diferenças em nós. Cada frase pode falar de modo particular ao coração de quem a ouve, possuir diversos sentidos e grande profundidade. Abaixo faço uma breve reflexão sobre cada uma, a partir da forma com que cada uma tocou meu coração pela graça do Espírito Santo.


"O amor me explicou tudo"
São João Paulo II

Aos Corintios, Paulo escreveu: "O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." (I Cor 13, 4-7). Compreendendo, portanto, o que é o amor conseguimos entender como uma mãe ou um pai são capazes de se doar tanto por um filho, como mulher e homem decidem ser uma só carne através do casamento e como Deus, que em si é Amor (I Jo 4,8), foi capaz de dar seu próprio Filho para nos salvar. Amar é dar a vida pelo outro, morrer pra si mesmo, perdoar e acolher. Permanecendo no amor reconhecemos o verdadeiro sentido das coisas, a devida importância daquilo que amamos. Ao amar esquecemos de nós mesmo para nos doar por inteiro a quem amamos. Ainda que não exista lógica no amor, ame e tudo vai fazer sentido.

"Tome cuidado com a sua vida, porque talvez ela possa ser o único Evangelho que o teu irmão irá escutar" - São Francisco de Assis

Somos a imagem e semelhança de Deus, mas é isto que as pessoas veem quando olham para nós? Que exemplo estamos dando as pessoas? São Francisco nos alerta para que sejamos a personificação da Palavra de Deus, que vivamos, na prática, de acordo com o que ouvimos e cremos. Muitas vezes, nossas atitudes incoerentes com o Evangelho, levam o outro ao pecado, ainda que só por nossa hipocrisia. Estamos na Igreja, mas no dia a dia fazemos o contrário do que um cristão deve ser - logo, que credibilidade temos para falar de Jesus a alguém, sem nós mesmos não somos fieis a Ele? Só conseguimos levar as pessoas a acreditarem na Verdade se vivemos de acordo com ela. É preciso tomar cuidado com o contra-testemunho, estar atento em nossas atitudes. Muitos poderão buscar a Deus ao ver que Ele transformou nossa vida e somos diferentes por sua graça, mas também se perderem imitando nossos erros (ou por causa deles). Sejamos como a Palavra: "Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim."(Gl 2,20), para que todos vejam em nós o Evangelho pregado com nossa própria vida. Caso alguem jamais chegue ao conhecimento da Palavra, mas nos tenha como única referência, é importante que ela tenha lido em nós o Evangelho e não o contrário do que Cristo pregou.

"Quando tiveres algum aborrecimento e desgosto, lembra-te de Cristo crucificado e cala-te" - São João da Cruz

Todos nós sofremos e Cristo não só nos alertou sobre isso (Jo 16,33) como Ele mesmo sofreu e muito, sobretudo ao assumir nossos pecados. Sejamos sinceros: por maior que sejam as decepções e tristezas que passamos, será que elas superam minimamente o que Cristo passou? Jesus foi perseguido, caluniado, açoitado, humilhado, pregado numa Cruz, e de tão ferido, chegou a ficar desfigurado. Não é fácil lidar com o sofrimento, mas Jesus foi exemplar ao passar pela dor. É fácil cair no murmúrio, na reclamação e na revolta. Jesus, na situação em que esteve, abraçou a missão, não reclamou e não desistiu. Que possamos glorifica-lo em nossos momentos difíceis, crendo que, por pior que seja nossa situação, a dor de Cristo foi maior que qualquer outra e antes de reclamar, precisamos seguir seu exemplo, tomar nossa cruz e nem de longe querer comparar qualquer sofrimento nosso ao Dele. E não nos esquecer que Ele esta sempre conosco, portanto, somos capazes de vencer qualquer sofrimento se estivermos unidos a Cristo.

"O Santo Rosário é a arma daqueles que querem vencer todas as batalhas"
São Padre Pio

Há modo mais doce, sublime e agradável do que clamar por Maria pela oração do Rosário, venerando e reconhecendo aquela que encontrou graça diante de Deus, gerou Jesus Cristo e pisou na cabeça da serpente? Hoje ela intercede por nós e diante de Nossa Senhora, o inimigo foge. Rezando o Santo Rosário em cada batalha da vida, em cada dificuldade, o mal é derrotado. Acaso não sabeis que temos uma advogada? Maria, aquela avança como ao aurora e é temida como um exército em ordem de batalha (Ct 6,10), luta ao nosso lado no combate da oração que enfraquece o mal, tira todo o poder das trevas e nos leva a vitória. Pelos mistérios do Rosário de Nossa Senhora, contemplamos a vida de Jesus, exaltamos e glorificamos o Senhor. O mal não triunfa nem tem poder diante de um joelho dobrado, de um coração unido ao Senhor e com Maria, nossa Mãe, nos envolvendo em seu manto. O Rosário é uma arma de amor, de fé e de confiança em Jesus e na Vírgem Santíssima. Um cristão de rosário nas mãos e firme na oração, sabe que não esta sozinho e que não será derrotado. É a força do amor de Mãe unido ao poder de Deus.

"O céu é para quem sonha grande, pensa grande, ama grande e tem a coragem de viver pequeno." - Padre Léo

Não é fácil ir para o céu: exige renúncia, luta, oração, perseverança, amor e uma vida de entrega ao Senhor. Quando sonhamos ir ao Céu, devemos saber que o céu é maravilhoso, perfeito, a glória eterna de Deus. Algo magnífico, especial e grandioso, digno de quem ama a Deus, ama o seu semelhante. É realmente querer algo muito grande pois significa contrariar este mundo e todo um sistema de pecado e modismos em nome de uma vida eterna. Para chegar la é preciso ter a coragem de ser diferente, esvaziando-se dos prazeres estragados, aceitar viver com pouco, com humildade, sem ganância ou egoísmo, dividindo o que temos e entendendo que somos pequenos. Não podemos chegar no céu se queremos as glórias e as riquezas da Terra. É preciso ter um coração humilde que acredita em algo maior que este mundo e simplesmente rejeita-o para um dia alcançar aquilo que "os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou" (I Cor 2,9).  

"Se você julga as pessoas, você não tem tempo para amá-las."
Santa Madre Tereza de Calcutá

Amar exige que tenhamos paciência, compaixão, saibamos perdoar e doar nossa vida, apesar dos defeitos do outro e mesmo que o outro não mereça. Mas, se apontamos o dedo para as pessoas, visando e condenando por suas falhas o todo tempo, como conseguiremos amar? Ao enxergar só o que há de pior no outro, se temos a capacidade de querer ser maior e melhor que alguem, não conseguiremos ir além dos erros alheios e limitamos a pessoa a isto. Assim, não há como amar a pessoa se não reconhecemos que é quando ela menos merece que mais precisa do nosso amor. Sem a caridade em nós é fácil apontar os erros e muito difícil doar a vida por alguem, ja que não entendemos o quanto alguem precisa de amor, uma vez que nos limitamos a apontar para seus erros. Dediquemos nosso tempo a amar ao próximo como a nós mesmos e a Deus sobre todas as coisas.

“Jovens, se fores aquilo que Deus quer colocareis fogo no mundo.”
Santa Catarina de Sena

A coragem, a ousadia e a força da juventude podem fazer diferença quando tudo isso for usado a serviço de Deus neste mundo. O Senhor conta com o vigor da juventude que amadurece em Deus transformando sua realidade. Uma juventude que consegue renunciar as tentações e reconhece que não resta outra solução a não ser anunciar Jesus e levar o mundo ao conhecimento da Verdade. Repletos do Espírito Santo, os jovens conseguirão mudar o presente e construir o futuro que eles mesmos representam. Por isso, a juventude que escolhe o Senhor é capaz de revolucionar o mundo, usando todos os dons e vitalidade que possui, para desconstruir modismos, denunciar erros e injustiças, dizer não ao pecado e a maldade deste mundo, a fim de construir o Reino de Deus e sua justiça.

"A pior prisão é um coração fechado"
São João Paulo II

Não há como Deus mudar a vida de quem não quer mudar. Deus não violenta, não força. Cristo bate a porta e só você pode abri-la. Quem se fecha no pecado, quem endurece o coração e não se abre ao Senhor, corre o risco da perdição eterna e vive aprisionado, longe da graça de Deus e de ser aquilo que pode vir a ser em Jesus. Um coração fechado não da espaço para a ação do Espírito Santo, limita a existência ao próprio ego e ao pecado - logo, se torna escravo. Por isso, abrir o coração significa libertar-se de si mesmo e deixar que Deus faça diferença em nossa vida. 

"A quem tem Deus nada falta, só Deus basta "
Santa Tereza D'avila

A confiança em Deus nos dá a certeza de sua força e proteção. Diz a Palavra: "Todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus" (Rm 8,28). Sendo assim, não há o que temer se nossa vida tem Jesus no centro. Em Deus recebemos o amor verdadeiro, a providência  em nossas necessidades, o consolo na dor, a alegria verdadeira que o mundo não pode nos dar, a força para lutar, os dons para servir aos irmãos, a coragem para fazer diferença, e o mais importante: a certeza da vida eterna para aqueles que perseverarem. Então, o que mais nos falta? O que mundo pode nos dar que Deus ja não nos deu - ou dará - mil vezes melhor? Se Deus que é tudo não for suficiente, o que será suficiente então? Só Deus basta e quem consegue compreender isto, será realmente feliz.

"Na raiz de todo pecado está uma mentira, por menor que ela seja"
Padre Léo

Sabemos que o maligno é o pai da mentira e autor do pecado. Logo, que outra arma ele usaria para nos fazer pecar senão mentir ou fazer com que mintamos? A tentação esconde-se em algo bom para não revelar o veneno que possui e nos enganar. Um pecador determinado ao pecado sempre inventa uma história para minimizar sua intenção, nem que seja para si mesmo. Todo pecado começa a partir da falsa impressão de que será algo bom e agradável. A partir dessa mentira, agimos contra a vontade Deus, muitas vezes conscientes disso, mas ignorando a verdade. Seja mentindo pra nós mesmos ou acreditando nas mentiras do maligno, no fim das contas, uma mentira, por menor que seja, sempre causará um estrago enorme nas nossas vidas. Que possamos viver a verdade, pois é ela que nos liberta (cf. Jo 8,32).

* Agradeço a sugestão de frases dos meus irmãos de caminhada William Menezes, Michel Giroldo e Rodolfo Rai. Deus os abençõe !

22 de outubro de 2018

Insistência no Pecado: Existe em mim, ao menos, um desejo de mudança?


Existem pecados que por mais conhecimento que temos da Palavra de Deus, por mais insistente que seja nossa oração, e mesmo tendo-o confessado a cada vez que vamos ao confessionário, ainda assim, não conseguimos vencê-lo. Torna-se um vício, um pecado de "estimação" e quase sempre, quedas recorrentes no levam a acreditar que não há jeito pra nós. Caímos no comodismo, deixamos de lutar e nos acostumamos com o pecado.

Nem sempre queremos insistir no mesmo erro, muitas vezes dói em nós cair sempre no mesmo pecado, mas o hábito acaba tornando o pecado automático e nossa fraqueza um ato constante ainda que conscientes do erro que cometemos. São Paulo fala sobre isso em Romanos 7,18-21: "Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita o bem, porque o querer o bem está em mim, mas não sou capaz de efetuá-lo. Não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que faço, mas sim o pecado que em mim habita. Encontro, pois, em mim esta lei: quando quero fazer o bem, o que se me depara é o mal.". Infelizmente, por mais que travemos uma luta contra nossa fraqueza, contra nós mesmos, muitas vezes não conseguimos deixar a escravidão que um pecado nos colocou.

Somos humanos e Deus compreende nossa imperfeição. Porém, isso não pode se tornar desculpa para parar de lutar. Buscar a confissão, se arrepender e retomar a luta são remédios eficazes que nos levam graça de Deus. Mas, se caímos demais, se nossa luta anda mais na vontade que na atitude, nossa oração tem sido mais teórica do que pratica, é necessário se perguntar: eu realmente quero vencer? Existe em mim uma sede de mudança de vida, de abandonar o pecado que me escraviza, ou minha oração não tem passado de palavras bonitas, meu arrependimento não é realmente sincero e eu tenho vivido de intenções que no fundo, não pretendo cumpri-las? 

O pecado nos faz mentir para nós mesmos. Quedas recorrentes demais podem ser sinais e consequências de um combate que não travamos corretamente contra as tentações e as fraquezas da nossa carne. Existe bondade em nós, existe tristeza em ofender a Deus com nossas falhas... mas será que dentro de mim o pecado tem sido tão prazeroso, tão agradável que eu não quero deixar pra trás porque é conveniente pra mim? 

Parece absurdo, mas chegamos a um ponto em que o pecado chega a nos fazer felizes! Uma ilusão terrível, mas que vai ganhando força dentro de nós. Na hora da queda, no momento que vivemos aquele pecado, ele nos é agradável e nos satisfaz ainda que só momentaneamente. Essa é a isca do maligno. E nós vamos acreditando nessa felicidade falsa do pecado. 

As vezes queremos até defender nossa conduta errada: minimizamos o pecado, dizemos que é algo relativo, que está fora de realidade, que não vale mais pros dias de hoje... queremos mudar até Bíblia! 

São muitas as justificativas absurdas que vamos tentando criar pra não nos afastar do pecado. Tentamos mudar até a opinião de Deus (como se isso fosse possível!), querendo "convencer" o Senhor de que o que estamos fazendo é certo: "Senhor, eu não estou fazendo mal a ninguém!"; "Eu gosto dessa vida, que problema tem isso?"; "Eu vou mudar, mas agora eu preciso curtir a vida"; "Isso não me faz mal...". Pra defender nossas conveniências tentamos mudar tudo e todos, menos a nós mesmos!

Precisamos Querer Mudar

Deus nos dá toda força para vencer nossas fraquezas. Perdoa todas as nossas quedas, por piores e repetidas que sejam, mediante nosso arrependimento sincero. O problema não é necessariamente cair tantas vezes se isso se dá pelo fato de sermos fracos e tentados. O problema é a queda ser constante porque eu não me dou ao trabalho de lutar, quando eu não quero de fato mudar e vivo um arrependimento superficial, dizendo pra Deus que "eu quero uma vida nova" da boca pra fora. Renuncio e prometo "mundos e fundos" só porque o pregador ou Padre aconselhou ou pediu pra dizer num momento de oração, porque estamos perto de pessoas a quem queremos impressionar, por medo das consequências momentâneas. Mas não demora muito, esquecemos de tudo e retornamos ao pecado. As vezes, até pioramos. 

A vitória sobre o mal, o fim da nossa escravidão e o rompimento definitivo com o pecado depende do nosso querer e de uma vontade real e sincera, de um propósito de conversão. Precisamos desejar mudar pra valer, ser sinceros com nós mesmos no fato de que aquele pecado não serve, que a vida que estou vivendo não reflete quem eu sou de fato e nem está no plano de Deus pra mim. Reconhecer o erro e buscar a mudança.

Quando lutamos pela vitória e pela libertação dos pecados, não apenas por conveniência ou aparência, e ainda que passamos a vida toda caindo (mas lutando), estamos sendo movidos pela fé, pela consciência da Palavra de Deus e de sua Vontade e sobretudo por Amor a Deus. Se não houve em mim ao menos desejo de mudar realmente, palavras serão meras palavras e jamais seremos livres do pecado simplesmente porque não queremos.

18 de outubro de 2018

Duas palavras muito importantes para viver a Castidade e a Afetividade

Viver a castidade no mundo atual, cheio de malícia e imoralidade, é uma tarefa árdua. Os tempos atuais parecem ignorar essa virtude: rejeitam a pureza, a continência e preferem o amor vazio, sem o respeito e compromisso com o outro. Falar nesse assunto é ser "careta", "retrógrado" e muitas vezes motivo de piada. No século XXI, querer um namoro santo, viver a virgindade até o casamento (e até o próprio casamento), está fora de moda. 

Televisão, cinema, músicas, Internet, aplicativos de celular quando usados de forma errada possuem uma oferta imensa de pecado contra a castidade que não para de aumentar. Quem quer viver a castidade, quem decide viver segundo o Evangelho, se depara com todo tipo de tentação e provocação a sua volta. Muitas vezes, a pessoa até desiste pois parece que não há como resistir a tantos estímulos que afrontam a pureza e o sentido real do amor.


O mundo tenta preencher nossa carências com soluções fáceis e falsas. 
Mas, depois que caímos nessa armadilha, experimentamos o vazio e muitas vezes nos tornamos escravos de uma vida desregrada, de relacionamentos onde um se torna mero objeto para o prazer para o outro. Acabamos machucando o sentimento e a dignidade de nós mesmos e de outras pessoas.


Diante de consequências tão graves da falta de castidade, como vive-la nos tempos atuais? Podemos observar duas palavras que podem nos ajudar nessa batalha: Organização e Concentração. Elas acabam se equivalendo ao pedido que Jesus nos fez em Mateus 26,41: "Orai e Vigiai".


Organização

Lutar pela castidade exige de nós uma vida de muita oração. Orar organiza dentro de nós tudo que está confuso e fora do lugar. O pecado contra a castidade acaba colocando em nós idéias, ilusões e desejos perigosos. Queremos satisfazer as vontades da carne e nossas carências com aquilo que acreditamos ser o ideal ou o que o mundo vende como correto e "na moda". Tudo é normal, tudo é permitido e não existe limite - o importante é "curtir a vida". É nessa cilada que acabamos nos perdendo numa vida desordenada e vazia. Uma alegria mentirosa e egoísta. 


Queremos tudo apressadamente! As vezes bate o desespero por não conseguir um relacionamento, o que acaba levando muitos a aceitar "qualquer coisa" para não ficar sozinho. Esquecemos do amor Deus por nós e mendigamos qualquer amor, por mais vazio e venenoso que seja. O pecado toma conta da nossa vida, as coisas saem do lugar dentro e fora de nós, nossos sentimentos ficam confusos. Depois vem a frustração e a tristeza, nesse tumulto de carências e desejos estragados.


Através da oração, o Espírito Santo vai acalmando nosso coração, devolvendo a serenidade e a paz, colocando Deus no controle de tudo para restabelecer a ordem e os sentimentos em nossa vida. Organizamos nossa afetividade e entendemos que o amor verdadeiro, que vai realmente nos fazer feliz, só pode vir de Deus. Aceitamos Seus propósitos, nos sentimos amados por Ele, sabendo esperar e confiar nos planos do Senhor. 


Renunciando ao pecado somos libertos da escravidão. A castidade é a certeza de ser livre para amar dentro do respeito, da pureza e da doação ao outro. 

Concentração

Uma das formas mais eficazes de vencer na luta contra qualquer pecado é fugindo! Parece estranho e contraditório fugir da luta para ganhar, mas a sedução do Inimigo para nos fazer escravos dos prazeres mundanos é forte demais e não podemos "brincar com fogo". Jesus nos alertou: "o espírito está pronto, mas a carne é fraca" (Mt. 26,41b).


Num primeiro momento, muita coisa parece ser inofensiva e a gente até acredita que pode resistir. Uma conversa maliciosa, um olhar impuro, um pensamento errado, um clique perigoso... De gota em gota, os erros vão se tornando uma lagoa de pecado onde quem acaba se afogando somos nós mesmos! O processo é sutil no pecado da castidade: vamos "permitindo" coisas erradas aos poucos até que caímos no pecado.


A vigilância implica em concentrarmos nossa força na virtude da santidade. Concentrar nossas atividades em lazeres sadios, cultivar amizades que nos levem para Deus e para as coisas boas. Saber dizer não a um relacionamento desregrado e a sexualidade vivida de errada e fora do casamento, viver a fidelidade e o respeito. Saber esperar em Deus pela pessoa certa e ser a pessoa certa para o outro.


Na luta pela castidade, concentração significa esta atento aos perigos que tentam nos derrubar, perceber as ocasiões de pecado (e fugir delas!) e direcionar nossas forças, nossos pensamentos e atitudes na busca pela Santidade na nossa afetividade e sexualidade. Concentrar nosso olhar em Jesus, ser firmes e perseverante, sem dar chance ao pecado, sem vacilar na oração e principalmente, determinado a romper com as coisas do mundo.


É fundamental também ter como exemplo Maria, grande escola da castidade e pureza para nós. A oração do terço é uma arma poderosa a favor da Castidade e da Santidade. Peçamos a intercessão de nossa Mãe Santíssima! 
E se mesmo assim cairmos, não podemos desistir da castidade: precismos nos arrepender dos pecados, confessar, recomeçar a luta, buscar força na Eucaristia e pedir a Deus através da oração a graça de vencer o pecado.

27 de agosto de 2018

Somos Muito Parecidos com Pedro

Pedro (ou Simão Pedro) é um apóstolo notável de Jesus. Caminhou ao lado do Senhor, mas apesar desta vivência direta com Ele, Pedro era uma pessoa difícil e errou em sua vida. Assim como nós, Pedro era humano, fraco e pecador, e algumas de suas fraquezas não são diferentes das nossas. 


Falta de Fé: Na passagem em que Cristo andou sobre as águas (Mt 14,24-32), Pedro era um dos apóstolos, que no meio da tempestade, ficou com medo ao avistar o que pensava ser um fantasma. Quando Jesus revela Sua Presença, Pedro pede para caminhar sobre as águas com Ele e Jesus o chama (Mt 14,29) e ele caminha sobre a águas com Jesus. Mas a tempestade fica mais forte, o vento aumenta e Pedro começa a afundar, pedindo que Jesus o salve. Resgatado pelo Senhor, ouve uma frase que explica bem toda a situação: "homem de pouca fé, porque duvidaste?" (Mt 14,31).

Jesus conhecia o coração de Pedro e conhece o nosso também. Quando nos encontramos com o Senhor, abrimos nosso coração a Ele, mas na primeira dificuldade, quando nossa fé é testada, muitas vezes caímos na desesperança, no medo e na dúvida. Passamos a questionar e deixamos de acreditar em Deus justamente quando mais precisamos. 

A falta de fé de Pedro acontece também conosco quando no momento em que a nossa tempestade aperta e nosso coração enfraquece e tira o foco em Jesus. Acabamos afundando na tristeza e na reclamação. Felizmente, Jesus vem nos resgatar como fez com Pedro e nos chama a deixar de lado a fé pequena e o excesso de dúvidas em relação a ação de Deus, para confiar plenamente no Senhor.

Preguiça de Rezar: Na noite em que Jesus foi preso, quando foi rezar no Getsêmani (Mc 14,32-42), o Senhor levou consigo Pedro, Tiago e João. Jesus, em sua angústia suprema, se põe a rezar desejando que os apóstolos vigiassem com ele por uma hora (cf. Mt 26,40). Mas os apóstolos dormem! Jesus os flagra dormindo e dirige-se justamente a Pedro: "Simão, dormes? Não pudeste vigiar uma hora! Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. Pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca" (Mc 14, 37-38).

São muitas as vezes que Cristo nos "flagra" dormindo ao invés de rezar. Claro que as vezes o cansaço físico do dia a dia nos impede ou nos faz cair no sono durante a oração. O maior problema é quando a preguiça ou a displicência com a oração nos levar a dormir o "sono" da aridez espiritual e do desprezo a Deus. Não vigiamos, ainda que saibamos da importância da oração, pois preferimos a televisão, a internet ou qualquer outra distração e deixamos Jesus sozinho, esperando nem que seja pelo menos cinco ou dez minutos do nosso tempo para amá-Lo, agradecê-Lo e glorifica-Lo. 

Negar o Senhor: É bastante conhecida a passagem em que Pedro negou Cristo três vezes (Mc 14, 66-72). E nós muitas vezes também negamos o Senhor. Sentimos vergonha de falar abertamente sobre Jesus, de ir na contramão do mundo, da moda e dos costumes secularizados e pecaminosos. Deixamos de lado preceitos do Evangelho e da Igreja por "conveniência" e para "agradar a sociedade". Preferimos negar o que sabemos, negar o alto preço que Cristo pagou por nossa Salvação na Cruz, para sermos aceitos pelo mundo. Deixamos de denunciar o mal, deixamos de viver de acordo com a Palavra. Negamos Cristo quando deixamos de dar testemunho com a nossa vida.

Por outro lado, também precisamos ser como Pedro !

Apesar das "mancadas" de Pedro, o apóstolo nunca deixou de acreditar em Jesus. Antes da ressurreição, quando muitos discípulos deixaram de seguir o Senhor (Jo 6,66), Jesus questionou diretamente aos doze: Querei vós também retirar-vos" (Jo 6,67). A resposta de Pedro é magnífica: "Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus!" (Jo 6,68-69).

Quando Jesus questionou aos apóstolos sobre a visão que tinham sobre Ele e como o reconheciam (Mt 16,15), coube a Pedro mais uma resposta: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!" (Mt 16,16). Cristo (evidentemente ciente do quanto Pedro era fraco e pecador), diante dessa afirmação, deu-lhe as chaves do reino de Deus: "Eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus." (Mt 16,18-19).

Depois da ressurreição, Pedro pescava com os demais apóstolos quando ouve que o Senhor esta próximo. O apóstolo vai ao seu encontro (Jo 21,7). Jesus o acolhe, Pedro revela seu amor por Jesus e tem sua missão confirmada pelo Senhor que o chama a segui-lo (Jo 15,21-17.19). 

Pedro será aquele que discursa após Pentecostes e cuja pregação converte ao menos três mil pessoas (At 2,14-41). Apesar das fraquezas, Pedro amava Jesus e buscou o Senhor. Com tantos erros, experienciou a misericórdia de Deus e repleto do Espírito Santo evangelizou.

É nisto que, agora, precisamos ser como Pedro. Buscar o Senhor e sua misericórdia, não parar nas fraquezas, mas assumir o chamado e reconhecer Cristo como Filho de Deus, o único que pode nos dar palavras de vida eterna para sermos "pescadores de homens" para o Reino de Deus.

São Pedro, rogai por nós !

* Dedico esse artigo ao meu irmão de caminhada Lucas Bragança, cuja pregação no Grupo de Oração Porta do Céuem 26/05/2018, serviu de base para a escrita do texto. Deus o abençoe !